O Ibo, o lugar e a sua gente
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Sobre a história do Ibo
A Ilha do Ibo é um dos mais antigos assentamentos em Moçambique, a sua história remonta pelo menos ao século XVI. Os mercadores árabes já haviam começado cerca 600 d.C. o comércio de escravos, de ouro e marfim com os habitantes locais e dos arredores.
Em 1498 Vasco da Gama chegou pela primeira vez às Quirimbas e em 1522 os Portugueses atacaram as ilhas, destruindo as fortificações.
Por volta de 1590 o Português tinha anexado sete das nove ilhas grandes, enquanto que apenas duas ainda continuavam sendo governadas por muçulmanos; a Ilha do Ibo negociava principalmente âmbar, marfim e conchas de tartaruga.
Vasco da Gama escolheu o Ibo como base principal para as suas reservas de água doce natural recolhidas durante as chuvas anuais. Isso permitiu aumentar o número de bovinos, suínos e caprinos na ilha. Vários produtos agrícolas foram exportados e também a Ilha de Moçambique era fornecida pelo Ibo.
Em meados do século XVII, o arquipélago era governado por duas famílias principais "Mzungu" (branco) - Morues e Meneses, e a ilha de Ibo tornou-se o centro comercial de todas as outras ilhas.
No final do século XVIII, os portugueses construíram o Forte de João, que ainda se encontra na ilha, enquanto a cidade representava uma porta para o tráfico de escravos, impulsionada pela demanda francesa devido à mão-de-obra de baixo custo.
Ibo tornou-se, assim, o segundo mais importante posto avançado na região, depois da Ilha de Moçambique.
O forte de São João Baptista foi concluído em 1791. A pequena capela alojada no interior da fortaleza foi construída em 1795, seguido pelo forte de Santo António e o forte do Bairro Rituto em 1847, que determinam até hoje a forma triangular da cidade velha.
Ao longo dos séculos XVIII e XIX, as pessoas do Ibo e as regiões adjacentes foram constantemente atacadas pelas forças holandesas e malgaxes.
Em 1897, Ibo, foi integrada na administração da Companhia do Niassa, e foi a partir desse momento que a ilha e os habitantes locais começaram a desfrutar duma relativa paz e segurança.
Em 1902, a capital do distrito de Cabo Delgado foi transferida da Ilha do Ibo para Porto Amélia, rebaptizada após a independência do país, Pemba, que ainda hoje é a capital provincial. Este foi o início do declínio do comércio do Ibo, que lentamente se mudou para Pemba, uma cidade que oferecia uma bahía e um porto mais profundos. Posteriormente, a guerra civil deu o golpe final no Ibo e todos os exemplos de arquictectura portuguesa dos séculos XIX e XX começaram a degradar-se lentamente, enquanto o Ibo se tornou numa cidade fantasma.
Em 2002, foi criado o Parque Nacional das Quirimbas e com ele Ibo acordou de uma longa hibernação, abrindo, finalmente, as suas portas ao turismo. Isso deu um novo impulso à economia local e para à conservação, preservação e restauração do legado existente da sua fascinante história.
Hoje a Ilha do Ibo, graças ao seu rico passado e à sua arquitectura imperial ainda maravilhosamente preservada, graças à singularidade da sua arte local, às suas paisagens e às cores vermelhas do seu pôr-do-sol, está concorrendo à nomeação de Património Mundial do UNESCO
Sobre o Arquipelago das Quirimbas
O Arquipélago das Quirimbas é composto por 30 ilhas pequenas, localizadas no norte de Moçambique e pertencentes à província de Cabo Delgado. São banhadas pelas águas azuis e cristalinas do Oceano Índico e do Canal de Pemba.
As Quirimbas encontram-se espalhadas ao longo da costa norte de Moçambique, entre a cidade de Pemba e o rio Rovuma, que marca a fronteira entre Moçambique e a Tanzânia. São um santuário natural quase intocado, com florestas, recifes ricos de coral e águas habitadas por dugongos, golfinhos, tartarugas marinhas, baleias, tubarões e mais de 375 espécies de peixes. São consideradas uma área protegida pela WWF e as 11 ilhas do sul pertencem ao Parque Nacional das Quirimbas, uma reserva natural marinha de mais de 1500 km ². A decisão de criar uma reserva natural no arquipélago foi tomada em Junho de 2002 pela população local, que assinou a proposta feita pela WWF e uma instituição local, o GECORENA.
As ilhas têm uma população de cerca de 50.000 pessoas, na sua maioria dedicadas à pesca em dhow (canoas tradicionais da costa Este africana).
Sobre os Mwanis
A Ilha de Ibo (cerca de 5.000 habitantes), é maioritariamente habitada por Mwani, um termo que no sentido da língua Suaíli significa "aqueles que vivem ao longo da costa, em contacto com o mar", um nome que as pessoas utilizam também para se destacar da cultura Makonde, ou seja, aquele grupo étnico que vive principalmente na região interior "em contacto com o mato (floresta)”.
Os Mwani, de religião muçulmana, consideram-se os descendentes directos da cultura Suaíli, se não os "Suaíli de Moçambique", por esta razão preservam com muito cuidado e com grande orgulho a própria cultura.
É um povo, na sua maioria, de pescadores que ainda praticam a pesca com os métodos mais tradicionais a bordo de casquinhas (pequenas canoas locais) e seguindo os ritmos das marés.
Embora a pesca seja o é o principal recurso económico da população, existem algumas pequenas produções de arte local como os ourives do Forte de S.João Baptista, que levaram Ibo a tornar-se famosa pela suas jóias de prata, finamente trabalhadas por gerações e gerações de filhos de ourivesaria e que contribuíram manter viva uma arte milenar.